Desigualdade social é a grande causa da violência entre jovens, afirma pesquisa do Ipea
De
um lado, jovens brancos, bem vestidos, com um bom nível de escolaridade
e trabalhando com carteira assinada. De outro, jovens negros,
maltrapilhos, analfabetos e trabalhando na informalidade para comprar
comida. O quadro de extrema desigualdade citado no exemplo acima, tão
comum no Brasil, está entre as principais causas da violência entre
jovens, segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas (Ipea).
“A desigualdade social está entre as maiores causas
da violência entre jovens no Brasil. Ela é o grande contexto, o pano de
fundo, onde vive a população mais atingida por esse problema: as pessoas
entre 15 e 24 anos”, afirma Luseni Aquino no artigo “Desigualdade
social, violência e jovens no Brasil”, produzido em parceria com a
pesquisadora Enid Rocha.
Um dos fatores que evidenciam a desigualdade social e
expõem a população jovem à violência é a condição de extrema pobreza
que atinge 12,2% dos 34 milhões de jovens brasileiros, membros de
famílias com renda per capita de até ¼ do salário mínimo, afirma a
pesquisa.
No total, são 4,2 milhões de jovens extremamente
pobres. Destes, 67% não concluíram o ensino fundamental e 30,2% não
trabalham e não estudam. O estudo também revela que os jovens
afrodescendentes são os mais excluídos, já que 73% dos jovens
analfabetos são negros e 71% dos extremamente pobres que não trabalham e
não estudam são afrodescendentes.
Apesar de ser um agravante das situações de
violência, os números divulgados pela pesquisa mostram que a pobreza não
é preponderante para o comportamento violento, mas sim a desigualdade
social.
“Como a violência afeta mais os pobres, é usual fazer
um raciocínio simplista de que a pobreza é a principal causadora da
violência entre os jovens, mas isso não é verdade”, afirma a
pesquisadora Enid Rocha. “O fato de ser pobre não significa que a pessoa
será violenta. Temos inúmeros exemplos de atos violentos praticados por
jovens de classe média”.
Para as pesquisadoras, uma das formas de superar a
desigualdade é a introdução de mecanismos compensatórios para aumentar a
renda dos jovens extremamente pobres. “É preciso promover a inclusão
social desses jovens por meio da escola e do emprego, que são os dois
mecanismos lícitos de ascensão social”, explica Enid Rocha.
Atualmente, a política do governo federal de
transferência de renda é o Bolsa-Família, benefício em dinheiro
destinado a famílias com rendimento de até R$ 100 mensais. Hoje, cerca
de 3,9 milhões de famílias são atendidas pelo programa. (Fonte: Agência
Brasil)
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